Por norma - corrijam-me se estiver errado - fazer a apresentação de um livro de poesia é, por si só, uma tarefa árdua e díficil na qual com extrema facilidade nos podemos perder em análises supérfluas, fora de contexto ou exíguas de conteúdo, prejudicando não só o livro mas também o autor e criando falsas imagens a quem lê.
Não querendo cair nas armadilhas que atrás mencionei, julgo ser de todo preferível contornar possíveis exames individualizados deste ou daquele poema e centrar a minha atenção no todo, tanto mais que não possuo as credenciais necessárias para uma apresentação mais analítica e aprofundada.
Serve esta minha nota introdutória para explicar a forma que considero mais adequada para expor os meus pontos de vista sobre a poesia que ANA CASANOVA nos oferece neste seu mais recente trabalho.
Em NÓS ETERNOS, a poetisa dá continuidade ao que já conhecemos da sua escrita, na certeza de que este é apenas mais um passo no seu crescimento como autora e ciente dos muitos que ainda tem que dar ao longo do seu percurso. Penso não estar a cometer nenhuma heresia se disser que ANA CASANOVA tem, bem enraizado no seu âmago, a perfeita consciência dos caminhos que quer ver trilhados pela sua obra.
Neste novo livro, a autora volta a usar, como base da sua poesia, os seus valores morais, a sua experiência de vida, as suas dúvidas e certezas, os seus medos e ânsias, sem cair na tentação do discurso repetitivo; tantas vezes prejudicial aos criadores. Em cada um dos poemas é-nos dado observar os pensamentos que a habitam e são, no essencial, a sua realidade.
Quem acompanha a poesia de ANA CASANOVA, reconhece em NÓS ETERNOS, os traços fundamentais que caracterizam tanto a obra como a autora. Numa poesia curta e acessível mas sem o uso de formas simplistas ou desprovidas de sentido, encontramos a génese da autora, mulher, filha, mãe e amante, como se cada poema fosse uma peça de puzzle e o livro uma imagem, que nos oferece, de si própria. Assim, temos o discurso da poetisa segura e determinada, vemos a mulher sonhadora que tenta dismistificar utopias e com perseverança vai à conquista dos sonhos, temos as palavras da filha devota e agradecida, os conselhos da mãe babada e interessada e encontramos os desejos e a paixão da amante.
Aqui chegados, creio que seria despropositado e enfadonho desconstruir cada uma destas cinco personagens reais que caracterizam a poetisa, contudo, penso que vale a pena centrarmos as nossas atenções numa das vertentes: a mãe. Mais não seja, porque sei, com conhecimento de causa, da paixão e orgulho que, ANA CASANOVA, sente pelos seus dois filhos; CÉSAR e GONÇALO.
Posso afirmar, sem correr o risco de me enganar, que ambos são a razão primeira e grande fonte da sua inspiração. A provar o que acabei de dizer está o facto de, pela terceira vez (ou seja, em todos os livros), as ilustrações serem da autoria do CÉSAR, e de no passado dia 24 de Setembro, termos ouvido o pequeno GONÇALO dizer um dos poemas deste livro. Um belo momento que ficará na memória de todos os que assistiram e gravado a letras de ouro no coração da ANA CASANOVA, que viu assim um dos seus sonhos transformar-se em realidade. Ou como a própria diz num dos poemas do seu primeiro livro:
Deixem-me sonhar,
sonhar acordada
de olhos abertos,
sonhar que é verdade,
Tudo o que é mentira.
Deixem-me viver
o meu sonho acordada
deixem-me sonhar
que tudo é possível!
Abençoados sejam os sonhos que se tornam realidade!
Não quero terminar sem fazer referência ao titulo que acho, sem sombra de dúvida, o que melhor define o teor da mensagem transmitida pela poetisa. No fundo, e para quem ler com atenção, cada poema não é mais que um elo de ligação entre a autora e aqueles que lhe estão mais próximos (leitores incluídos).
Espero sinceramente que as minhas palavras nesta apresentação, mais que esclarecedoras do conteúdo deste NÓS ETERNOS, sejam catalizadoras da curiosidade dos leitores como se de um aperitivo se tratassem e que cada um encontre, não só neste livro mas também nos dois anteriores (DESABAFOS D’ALMA e DIALECTOS DA MEMÓRIA), os laços que vos une à autora.
Para finalizar, quero dizer que é para mim um orgulho e um tremendo privilégio ter no meu currículo esta apresentação, ainda para mais sendo longe do nosso circulo habitual mas bem dentro do sentimento de portugalidade.
Geneve, 8 de Outubro, 2011