Sendo certo que todos nós temos o nosso ciclo de vida; nascemos, vivemos (o melhor que podemos) e morremos, é sempre com pesar que lamentamos a partida daqueles(as) que marcaram a diferença. Também é ponto assente que só existe este "luto" colectivo quando a pessoa em questão ganha uma certa notoriedade ou exposição mais acentuada.
Tal como escrevi, há algum tempo atrás, aquando da morte de Saramago, também hoje, após o desaparecimento físico de MATILDE ROSA ARAÚJO, quero dizer que a obra da autora veio enriquecer o espólio cultural português e por consequência enriqueceu-nos a todos.
Sem pretender secundarizar o real motivo que me trouxe aqui e pegando no verbo enriquecer, quero deixar expressa a minha indignação pelo aproveitamento económico que se faz destas mortes. Acho muito triste que se espere por estas alturas para encher as prateleiras com as obras dos autores, se façam antologias e "estudos" biográficos quando, nós leitores, passámos grande parte do tempo em buscas infrutíferas dessas mesmas obras com os autores ainda em vida. Não creio que as livrarias actuem tão agressivamente como fizeram após a morte de Saramago, mas não tenho dúvidas que agora e nos tempos mais próximos vou conseguir encontrar quase toda a obra de MATILDE ROSA ARAÚJO. E também não tenho dúvidas que os editores e livreiros vão querer tirar proveito de uma procura maior e praticar preços excessivos sem que alguma entidade reguladora os possa travar nesta necrofagia.
Depois deste dasabafo, quero terminar este meu texto-homenagem agradecendo a MATILDE ROSA ARAÚJO pelo seu inegável e ímpar contributo para o meu enriquecimento cultural. Para todos os autores/criadores é importante a existência de referências e MATILDE ROSA ARAÚJO foi, é e será sempre, sem qualquer tipo de dúvida nem favor, uma referência cultural.
Manu dixit