Embora o tempo seja demasiado curto para fazer tudo o que me tenho proposto fazer, sempre arranjo um bocadinho para pôr a leitura em dia. Nestes últimos dias estive a ler (o mais correcto seria dizer reler) dois livros de poesia com alguns anos. Um mais universal e outro mais específico. Mas ambos de grande valor.
O primeiro é já um clássico da literatura universal Antologia - Pablo Neruda - Relógio D'Água
Todos nós já lemos Pablo Neruda em alguma altura da nossa vida. Eu li pela primeira vez, há já bastante tempo, e sou obrigado a dizer que reler este poeta me deu um gozo especial.
Disse Neruda: "...Cheguei através de uma dura lição de estética e de procura, através dos labirintos da palavra escrita, a ser poeta do meu povo..."
O segundo livro que vos sugiro é, para além de um livro de poesia, um trabalho sobre a história da poesia luso-árabe dos séculos XI, XII e XII. O meu coração é árabe Adalberto Alves - Assírio & Alvim dá-nos a conhecer trechos de poemas de alguns dos poetas árabes nascidos em terras que hoje são território português.
Pequena amostra para aduçar a boca:
Amplo quadril, esbeltez miúda,
eis um talhe claramente exagerado,
levando as provisões parece uma viúva,
alguém que, sobre pinças, ao peso vai dobrado.
olhem-na detrás: tal qual fresco pez!
ou, melhor, um espesso borrão
que negra tinta de um escrivão
ao cair da pena ali lhe fez.
A formiga -Al-Tulaytuli