Aqui vai-se falar da cultura em geral De música e literatura em particular

22
Jan 13


12
Dez 10

 

Muito boa tarde. Antes de mais, devo agradecer a vossa presença neste fim de tarde de sábado.

 

Seguindo a lição utilizada no seu primeiro livro, o poema iniciador da obra titula-a, isto é: ao "Amador do Verso", onde se lê, e cito:

 

a poesia não traio, sempre lhe fui fiel

palavra de aprendiz de poeta

 

curiosa esta referência, aprendiz de poeta, adiante,

 

sucede este "Aprendiz de Poeta" que, considero, embora saiba que a minha palavra será sempre suspeita, porque também sou o editor, um pulo bem acentuado no que o Emanuel Lomelino faz chegar ao leitor sob a forma do livro.

 

São dois, bem sei, mas é, na minha opinião, algo a considerar.

 

Digo-o porque, no seu primeiro livro, notava-se já a verdadeira semente de toda a escritura, isto é; a leitura; mas, também, já era notória uma demanda de um registro próprio.

 

Existia o amador, o que ama a coisa, mas desta não se afastava o suficiente para colher a essência da sua própria respiração. O acto amatório muitas vezes provoca uma proximidade que, quase diria, sufoca, mesmo que essa sensação seja agradável.

 

No entanto, nesta sua nova obra, "Aprendiz de Poeta", há uma novidade, um registro, de facto, próprio, autêntico, verdadeiro, porque do próprio autor, que sabe, porque desta toma, não sensível, mas conscientemente, que é a leitura a geradora da obra a ser.

 

Desta forma, não será de admirar que continue a escutar, como mero exemplo, António Cândido Franco, sobretudo o de "Moradas", ou de uma forma mais abrangente, Ruy Belo pela forma coloquial que amiúde contamina o seu fazer poético.

 

Mas não encontro aqui o que afirma o próprio poeta, e cito: "poeta imaturo"; a não ser que este imaturo signifique, e aí concordo, como aquele que sempre encontra na coisa o catalisador do próprio espanto e, por isso, se sente sempre perante a novidade, e, assim, matura constantemente essa mesma coisa com o intuito de obter desta a maior valoração possível.

 

Aí ambos, melhor, todos os que escrevem estão, como se soía dizer, no mesmo barco, navegando, tal como afirma Emanuel Lomelino, "um rio/ (...) agarrado às suas crinas", imagem esta de força vital porque nos traz uma espécie de serena liberdade.

 

Um detalhe relevante, que já era também vislumbrável na sua primeira obra, é, tal como indiciam os ecos poéticos acima referidos, sobretudo Ruy Belo, o alongar do verso, quase sempre superior ao decassilabo.

 

Neste "Aprendiz de Poeta" há a aproximação ao apuro técnico de construção deste género de mesura vérsica, onde a censura se encontra cada vez mais no local devido, ou não fosse aprendiz, aquele que inicia o processo de recolha e interiorização dos rudimentos do seu ofício, no âmago do que escreve, melhor do que diz.

 

Trata-se portanto, na minha opinião, já não só da tal procura de registro pessoal, que antes referi, mas de uma demanda para que esse mesmo registro seja cada vez mais construído de forma a que chegue ao outro com uma maior eficácia ou, como refere o poeta, que nisto o poeta é que sabe, e pode clarificar, e cito:

 

Escrevo por não poder falar

Todas as palavras que quero

 

isto é, tendo consciência de que o acto poético é essencialmente fala, voz, e sobretudo canto, assume-se aqui como o tal aprendiz.

 

É, sem dúvida, um título que assenta, tal como refere o povo, como uma luva.

 

Numa abordagem ligeira a esta obra, muito provavelmente, dir-se-á: essencialmente lírica. Se é um facto que o Eu está, quase direi, omnipresente, também é verdade que esse Eu, por vezes, muitas vezes, se vê, como se se projectasse no mundo e representasse um outro papel, ou, mais concretamente, um papel outro, um papel produzido pela imaginação, ou seja, transfigurando o Eu lírico num Tu dramático, que leva o poeta a dizer, e cito:

 

Por vezes nem eu me reconheço

 

(...)

 

Afasto-me do mundo conhecido

 

Mas a questão fulcral é a seguinte: que papel procura desempenhar o aprendiz, por que demanda entre palavras fundadas no Eu, mas que é no Eu Outro que se revela em cada verso?

 

Bom, para que não seja suspeito, citarei Vitorino Nemésio quando este escreve, e cito:

 

Como em toda a actividade, é difícil surpreender exactamente o grau de expressão em que a categoria do poético desfalece ou está ausente sem que desapareçam os requisitos formais da arte poética em acção. Sobre o que define o poético, frente ao metafísico, estamos todavia mais seguros. Se o pensamento filosófico apreende a realidade na relação do juízo, o que se pode chamar de pensamento poético indica-a ou mostra-a pela mediação de uma realidade segunda, substitutiva ou simbólica, que a razão não traduz absolutamente nos seus termos, mas que verbalmente é dada com a plenitude da intuição.

 

Fim de citação.

 

É neste plano que leio esta obra e, sobretudo, o futuro da obra do Emanuel Lomelino. Ou não fosse, e cito o poeta:

 

A poesia

 

(...)

 

A minha tábua de salvação

 

E que outra salvação há senão a da reconstrução do nosso próprio mundo, desta feita reconstruída pela via, tal como alúde Nemésio, segunda, substitutiva ou simbólica, tal como considero ser regida a escrita de Emanuel Lomelino, antes, agora e sempre, amador do verso, e aprendiz, porque peregrino pelos caminhos da palavra, da poesia.

 

Gostei de te reler.

 

Obrigado a todos, e votos de boa leitura.

 


08
Dez 10

Para quem puder e quiser aparecer aqui ficam os convites para uma grande tarde de poesia:

 

 

O autor EMANUEL LOMELINO e a Temas Originais têm o prazer de o(a) convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro de poesia APRENDIZ DE POETA, a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no próximo Sábado dia 11 de Dezembro, pelas 16 horas.

 

Obra e autor serão apresentados pelo poeta XAVIER ZARCO

 

 

E também a não perder, logo a seguir:

 

A autora MANUELA FONSECA e a Temas Originais têm o prazer de o(a) convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro POESIA SEM REMETENTE, a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no próximo Sábado dia 11 de Dezembro, pelas 19.00

 

Obra e autora serão apresentados pelo poeta ANTÓNIO MR MARTINS 


23
Set 10

 

Por vezes sinto medo.

 

Medo que a vida me esqueça

ou que me esqueça da vida,

de tanto nela pensar.

 

É tanto grito calado

com um nó na garganta,

nesta luta que travo desafiando

tudo, questionando demais...

 

Afinal sou Humana!

 

 

A autora ANA CASANOVA e a Temas Originais têm o prazer de o(a) convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro "Dialectos da Memória" a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no próximo Sábado, dia 25 de Setembro, pelas 16.00

 

Obra e autora serão apresentadas pela poetisa, videoartista/infoartista Profª Cecília Melo e Castro.

 

A entrada é grátis.

Apareça


14
Fev 10

 

O AMADOR DO VERSO viu finalmente a luz do Sol.

Ao fim de algumas tentativas frustradas eis que vejo este meu sonho, de editar um livro de poesia, concretizado.

Foi num ambiente descontraído, quase familiar, que ontem, no Auditório do Campo Grande em Lisboa, eu, a Temas Originais e o meu amigo Paulo Santos fizemos a apresentação do Amador do verso.

Para quem esperava uma daquelas apresentações típicas, cheia de referências académicas, com discursos elaboradíssimos e seriedade levada ao extremo, saiu com as expectativas goradas. Desde o primeiro instante ficou claro que o evento ía ser bem sui generis.

 

Perante uma plateia composta por familiares, amigos e alguns poetas que fui conhecendo ao longo deste meu percurso na blogosfera, o Paulo Afonso Ramos (poeta e um dos responsáveis da Temas Originais) deu início às hostilidades. Longe estava ele de prever o rumo que a sessão ía levar.

Para surpresa da assistência, a quem agradeço ter decidido comparecer a este momento de realização pessoal em vez de ir ao futebol, o elemento mais nervoso era o meu amigo Paulo Santos que, apesar de ser uma pessoa extrovertida, começou a falar um pouco titubeante mas aos poucos conseguiu soltar-se provocando inúmeras gargalhadas da plateia.

Entre algumas ferroadas ao autor e uma homenagem sincera e merecida que fez à minha mãe - para quem ele é quase um filho -

  o Paulo falou essencialmente sobre o últimos meses antes da publicação do livro; desde o momento em que enviei o original à editora até ao dia em que recebi a confirmação do interesse da mesma em editar o AMADOR DO VERSO.

Seria exaustivo estar aqui a falar de todos os detalhes da sua intervenção mas fica prometido que quando tiver as fotos do evento farei um género de legendagem àquilo que foi uma das apresentações de autor e obra mais divertidas a que assisti.

 

Após o bem humorado e galhofante discurso do meu amigo Paulo Santos (Tarota para os amigos) foi uma vez mais o Paulo Afonso Ramos que falou numa tentativa de colocar alguma pressão e nervosismo no autor, debalde. Tentativa que apesar de infrutífera teve o mérito de dar continuidade à boa disposição.

Por esta altura da sessão e vendo que eu me mantinha sereno o Paulo Afonso Ramos mudou de táctica e perguntou aos presentes se alguém queria ler algum poema do livro (normalmente ele só coloca essa questão no fim das sessões) e imediatamente o poeta ANTÓNIO BOAVIDA PINHEIRO, que eu não conhecia pessoalmente mas que muito me honrou com a sua presença, levantou-se e leu dois dos meus poemas de uma forma que eu jamais poderei esquecer, mais não seja pelo facto de ter sido a primeira vez que ouvi alguém dizer a minha poesia. Quem também fez questão de ler um dos meus poemas foi a minha querida amiga NATÁLIA NUNO, conhecida na blogosfera como "ROSAFOGO" e a quem estarei eternamente grato por todo o carinho que me tem dispensado e pela presença neste meu momento importante. Confesso que ouvir a minha poesia pela voz de outras pessoas foi uma emoção mas mesmo assim não fui acossado pelo nervosismo que me queriam impôr.

Então, numa nova manobra, Paulo Afonso Ramos volta ao ataque e pede-me/exige-me que leia a minha própria poesia. Nada que eu não tivesse pensado em fazer e que me obrigou a antecipar a leitura do poema " MINHA GÉNESE", um dos momentos mais emotivos da sessão.

Não satisfeito com o meu modo descontraído Paulo Afonso Ramos abriu o livro "ao calhas" e para seu grande azar o poema sorteado para ler foi "ANJOS" e que eu dediquei a todas as crianças que estavam na plateia e que também se estavam a divertir com o evento. 


Janeiro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
17
18
19

20
21
26

27
28
29
30
31


links
Posts mais comentados
comentários recentes
Parabéns ao apresentador e à autora!Bjo!
otimos comentarios de Simon Scarrow,
Que surpresa!!!!Beijocas
E dia 22 lá estarei muito, muito orgulhosa :)Beijo
Meu querido amigo venho desejar um excelente 2011 ...
Gostei muito da apresentação que o Xavier fez do t...
Olá meu amigo como pode verificar não fica atrás a...
Olá Fátima! Com a saúde não se brinca, espero que ...
Meu amigo é com tristeza que venho pedir desculpa ...
Olá Manelita! E não precisas passar factura. Beijo...
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO